quinta-feira, 3 de março de 2022

Não há inocentes nem vidas de 1ª e de 2ª!

Nas últimas décadas as grandes potências mundiais tiveram um posicionamento erróneo na chamada complexidade das relações internacionais.

A invasão a um estado soberano e independente como a Ucrânia, feita pela Rússia autocrata e imperial, é inqualificável, imprevisível, com objetivos expansionistas e contra as regras do direito internacional, o que só pode obrigar as Democracias e todos os defensores dos direitos humanos a condenar, incondicionalmente, este triste episódio que fere aquilo que um país tem de mais valoroso, a vida do seu povo e a sua soberania.

De qualquer forma, pretendendo construir um mundo onde todos possamos coexistir pacificamente em Paz e Harmonia, urge sair da espuma dos dias, do mediatismo atual e refletir para reconstruir, assumindo erros do passado e preparar o futuro.

Nas últimas décadas o direito internacional foi bastas vezes atropelado, por intervenções militares, pouco claras e ilegítimas, que invariavelmente implicaram perdas de vida, deslocações migratórias, sofrimento e destruição.

O dom da Vida é igual para todos, ucranianos, iraquianos, afegãos, sírios, tchetchenos, palestinianos ou israelitas. 

Não há vidas de 1ª nem de 2ª.

Por isso, neste xadrez imperial das zonas de influência e dos espaços vitais não há inocentes.

A Rússia não está inocente, os EUA não estão inocentes, as Nações Unida, a Nato e a União Europeia também não.

Não há inocentes, mas a culpa de uns não justifica, não branqueia e não desresponsabiliza o que atualmente sucede na Ucrânia.

Por mais injustificadas que se considerem as suas opções no cenário mundial, não foram os EUA que levaram à anexação da Crimeia.

Não foi a Nato, que se revela perante a atual ameaça russa, mais necessária do que nunca, nem o seu alargamento aos países de leste, que obrigaram Putin a invadir um estado soberano.

Putin revela um desejo pífio de restaurar de forma saudosista um império antigo, soviético, bolchevique ou czarista, que para o caso tanto faz, mas que a história recente mostra que não deixou saudades, tal o desejo das ex repúblicas soviéticas se voltarem, legitimamente para as instituições ocidentais, em suma para a Democracia, para o bem-estar e para a segurança.

Putin intervêm na Ucrânia numa demanda imperialista, num desejo irracional, de reconstruir uma história ultrapassada pelos tempos. Tão irracional que usa como ferramentas a força militar e a ameaça de uso de armas de destruição maciça.

E por isso que esta intervenção só pode ser condenada de forma clara, inequívoca e incondicional.

Pedro Miguel Martins

 


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